Antes de discorrer sobre o grupo, deixo claro que o rótulo “axé colombiano” foi trabalho do Capixaba, quando estava pesquisando a Colômbia para a semana deste país nas pílulas do Invasões. É sabido que o movimento musical baiano que passou a ser conhecido pela alcunha de axé music bebeu em várias fontes musicais, como a percussão africana, a guitarra do rock, a levada do reggae e o cromatismo dos ritmos da América do Sul e Caribe. Portanto, o que temos não é o caso de uma mistura colombiana que acabou resultando em algo parecido com axé; pelo contrário, é o axé que muitas vezes vai beber na fonte dos ritmos colombianos. Se o leitor tem curiosidade em conhecer uma música do Invasões que efetivamente surgiu do trabalho de pesquisa de um estrangeiro que veio ao Brasil e pesquisou os ritmos da Bahia, aguarde o post sobre um certo artista sueco.
Agora, ao Bonka. A banda surgiu de uma proposta musical descompromissada de jovens estudantes de Bogotá, que acabou virando uma sensação à medida em que estes garotos iam vencendo mais e mais festivais por onde passavam. O estilo é na verdade uma fusão, que inclui os principais ritmos dançantes locais. Assim como já explanou Tiago Capixaba, a música da Colômbia possui mais afinidade com a do Caribe do que com a dos países do Cone Sul. Os próprios integrantes dizem que fazem música para que seu público rumbee. “Rumbear”, na gíria colombiana, é festejar, sair para festas. Um equivalente de dizermos “ir ao rock”, ou “ir ao reggae”.
A banda começou fazendo covers de artistas latinos famosos, como Diego Torres, da Argentina. A ascensão não demorou muito. Em 2004 venceram o concurso Hard Rock Café de Bogotá de melhor banda de colégio. Daí para tocarem em outros grandes eventos da música foi um caminho natural. Em 2006, lançaram “El problemón”, a canção carinhosamente apelidada de “axé”, da qual falávamos. A letra é bem no estilo trava-línguas:

“De que me sirve, ay que me quiera, esa persona que no quiero que me quiera, si la que quiero, ay, que me quiera, no me quiere como quiero que me quiera”

Este single chegou ao topo das canções mais executadas nas rádios. Estava irremediavelmente alcançado o posto de Bonka ao lado de grandes nomes da música latina como Sanalejo e Cabas. A evolução musical dos garotos ocorre a cada novo disco lançado, e não tiveram dificuldade em emplacar outros hits nas rádios e nos agitos colombianos, sempre falando de apuros e casos curiosos da vida jovem com leveza e irreverência.