Fui apresentado à banda porto-riquenha Circo como sendo ela uma banda de pop-rock. Realmente numa primeira audição a banda passaria despercebida, condenada ao lugar-comum do topo das paradas das canções de rock comportadas. Mas é só prestar um pouco mais de atenção para identificar elementos que sinalizam aquilo que se convencionou chamar de rock alternativo: agrupamento de mais de uma tendência do rock no som; vocal que não é simplesmente sobreposto à melodia em primeiro plano, mas que às vezes desce uma camada para deixar evidente a base musical; utilização de outros instrumentos nos arranjos que não aqueles tradicionalmente ligados ao rock.
Isto tudo é para dizer que este rótulo “banda de pop-rock” me incomodou no Circo, porque de cara já percebi pelos clipes e pelas letras que se tratava de uma banda de conteúdo bem definido, de preocupações estéticas e de busca da poesia. “Antes del fin” é até meio pop, mas “Alguien” definitivamente vai mais além. Para quem conheceu a predecessora do Circo, El Manjar de Los Dioses, liderada pelo mesmo vocalista Fofé e que deixaria os Secos e Molhados ruborizados, é verdade que Circo vestiu uma roupagem que a permitiu ocupar a posição de destaque em todo o rock en español que ela possui hoje, mas daí a chamá-la de banda de pop-rock sem atentar para este plus a mais é um pouco demais. Não faz o menor sentido dizer que a mexicana Café Tacvba é rock alternativo e que o Circo é pop-rock.
É claro que esta eterna discussão do que é pop e do que é alternativo tem se revelado estéril e rasteira e nem é o foco do nosso trabalho aqui no Invasões Bárbaras, mas não resisti em colocar os pingos nos is e aproveitar a oportunidade para mostrar que Porto Rico não é só reggaeton.