Feriados à parte, a minha história com Ready Kirken é daquelas em que você ouve a banda numa certa oportunidade e pensa “Bom, bacana, música legal” e deixa por isso mesmo; e mal pode imaginar que na próxima vez que ouvir vai pensar “Caramba! Que doido! Como é que eu não comecei a escutar isso pra valer antes?”. Foi assim com as canções “Černý brejle” e “1+1”. Esta última é single e faixa de abertura do CD mais recente da banda. Ready Kirken é rock de bom gosto e bem produzido, sempre com um toque alternativo, ou, no caso de “1+1”, uma proposta clara nesta direção.
Falando em rock, o pessoal daquela região (República Tcheca, Polônia, Eslováquia – antigos países da Cortina de Ferro que têm idiomas eslavos ocidentais e historicamente maior ligação com a Europa Ocidental também) preza bastante pela manutenção da boa cena roqueira e é bem rigoroso com a classificação de suas bandas. Tanto é assim que encontrei Ready Kirken sobre a classificação única de “pop”, ou seja, não foi considerada nem mesmo pop-rock pelos tchecos. O rótulo de rock eles parecem reservar por lá a bandas que fazem algo mais denso como punk rock e heavy metal. Talvez seja por causa desta classificação que, na época da pesquisa sobre República Tcheca, eu tenha negligenciado Ready Kirken, deixando de ouvi-la no período pós-pesquisa. De minha parte, considero a banda como rock dos bons.

Taxonomia à parte, pois rótulo é apenas uma referência mesmo, e não uma rua de faixa única, devo dizer que nesta redescoberta de Ready Kirken já percebi que estava desatualizado. O vocal de Michal Hrůza, que eu ouvi até então e me remetia às velhas canções de rock 70’s e 80’s, compondo todo o sabor especial da banda, não mais pertencia à Ready Kirken. Em 10 de julho de 2006, este quase sósia de Humberto Gessinger se aproveitou do bom momento da economia tcheca e empreendeu engenhosamente por outras bandas. Michal Hrůza era também a cara da Ready Kirken, e sua presença nos clipes era a senha para mim de que vinha música boa por aí. Paciência. Agora é torcer para que o seu substituto mantenha o bom nível e que o próprio Hrůza também faça um bom trabalho, pois assim teremos dois grupos com som de qualidade.
Vida de invasor bárbaro tem dessas: você mal conhece a banda, gosta do som, quer ouvir mais, e descobre que ela acabou de mudar (quando não acabou de acabar, como já aconteceu com o nobre amigo Capixaba, que ficou desolado). De qualquer forma, são 4 álbuns na formação antiga, isto é mais do que muita banda por aí que começou, acabou rapidinho e (dizem) revolucionou a música. A nova formação de Ready Kirken, com Jan Polonský, ainda não lançou nenhum disco ou mesmo single. Apenas fazem shows e, conforme diz o site oficial, estão trabalhando no novo álbum. Enquanto a gente espera, para não deixar passar, você confere ao lado a foto oficial. E, de quebra, a canção “1+1”.